Ônibus rápido é alternativa para transporte público de BH


31/5/2010
O Tempo (MG)

São anos de estudos e indecisões em torno da melhor alternativa para o transporte coletivo da capital. São milhares de belo-horizontinos frustrados por não presenciarem a expansão do metrô. Enquanto isso, carros não param de inchar o trânsito da cidade. Diante do cenário complexo, a prefeitura elegeu o Bus Rapid Transit (BRT) como a solução da mobilidade para usuários do transporte público na capital mineira.
  
O ônibus rápido - que circula por vias exclusivas e só para em estações determinadas (ver página 23) - chega rodeado de promessas: redução do valor da passagem e do tempo de espera, além de viagens mais rápidas, confortáveis e seguras.
  
A capital anuncia que vai investir alto, mais precisamente R$ 1,026 bilhão (R$ 51,3 milhões dos cofres municipais e R$ 974,7 milhões em recursos do governo federal, via PAC), na implementação das quatro primeiras áreas de BRTs. A primeira delas, na avenida Antônio Carlos, está prevista para ser entregue em 2012.
  
A mobilidade é uma das principais bandeiras do prefeito Marcio Lacerda, e, com o BRT, ele pretende eliminar dois problemas de uma só vez: atender às principais reclamações dos usuários de ônibus sobre a falta de qualidade do serviço e fazer aqueles que ainda não o utilizam a aderirem.
  
O maior desafio, segundo o gerente de coordenação de políticas de sustentabilidade da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), Marcelo Cintra, será convencer os milhares de belo-horizontinos a deixarem os veículos na garagem e adotarem o ônibus. Segundo ele, uma das metas é fazer com que 10% das pessoas que hoje andam de carro migrem para o BRT nos próximos dez anos.
  
"Não podíamos esperar mais 20 anos pelo metrô. O BRT é uma solução viável e barata, implementada em cidades como Curitiba e Bogotá. O objetivo é evitar que a cidade pare. Não queremos que as pessoas deixem de usar o carro, mas que elas adotem o coletivo", diz Cintra.
  
O primeiro BRT circulará entre as avenidas Antônio Carlos e Pedro I. A justificativa é simples. Os ônibus precisam de uma via exclusiva para rodar e, com a duplicação, a escolha foi natural. Nesse mesmo raciocínio, a Cristiano Machado será a segunda a ter ônibus rápido. A Carlos Luz/Pedro II e o trecho central fecham a primeira fase do projeto. A segunda etapa, que ainda não tem recursos garantidos, prevê que o BRT chegue a outras vias até 2020.
  
Segundo o especialista em transporte e tráfego urbano, Ronaldo Guimarães Gouvêa, o BRT é um sistema melhor do que o atual, mas que não pode ser um substituto do metrô.
  
"O BRT tem uma possibilidade limitada. Poucas avenidas são largas o suficiente para implementá-lo. Isso impede que ele seja pensado de uma maneira mais ampla. O BRT é bem-vindo, mas não resolve o problema a longo prazo", analisa.